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CANTORA DUFFY QUASE FOI VÍTIMA DE TRAGÉDIA, QUASE UM ANO APÓS BRITTANY MURPHY


Considerada uma das revelações da música britânica no final da década de 2000, a cantora Aimée Duffy havia desaparecido por um tempo e só teve uma leve e discreta retomada de atividades em 2015, já que a década de 2010 quase não se falou dela.

A resposta foi dada pela própria cantora, que viveu um período traumatizante. Em 2010, com 26 anos, ela sofreu sequestro, foi dopada e estuprada, um incidente que durou poucos dias, mas suficientes para abalar suas emoções profundamente. Ela havia lançado um segundo álbum, Endlessly, e estreado como atriz em Patagonia, quando sumiu. Ela é conhecida por ter lançado o primeiro álbum Rockferry, de 2008, marcado pela sonoridade retrô do soul britânico sessentista.

"Incomoda-me que esta história contenha tristeza, quando tantas pessoas precisam do oposto disso neste momento. Só espero que minhas palavras sirvam como uma distração momentânea ou talvez até algum conforto que alguém possa sair da escuridão", escreveu ela, num texto feito com a paciência de quem expressa com detalhes seu drama pessoal.

Ela não suportava mais esconder o caso e chegou a pensar em mudar-se de país e de nome, iniciando também uma outra carreira. Ela também refletiu a respeito do medo de explicar em público o seu desaparecimento:

"O risco de enfrentar constantemente a questão do 'o que aconteceu', 'por que você desapareceu', 'onde você esteve este tempo', 'o que você tem feito nestes anos'. Eu não podia me imaginar criando alguma história, fingindo que estava remando através dos mares do mundo. Eu teria que mentir e não podia mentir. Então, entre os medos de não ser capaz de suportar emocionalmente a fala, não ser capaz de mentir e as preocupações de ser eternamente solteira, eu decidi não falar, permaneci desaparecida enquanto sonhava em me reinventar para sempre".

Ela narrou os detalhes do sequestro:

"Era meu aniversário, fui drogada em um restaurante, e depois fui drogada então por quatro semanas, em viagem para um país estrangeiro. Não me lembro de entrar no avião e voltei na traseira de um veículo em movimento. Fui colocada em um quarto de hotel, mantida em cativeiro, e o criminoso voltou e me estuprou. Lembro-me da dor e tentei ficar consciente na sala depois que aconteceu. Fiquei presa com ele por mais um dia, ele não olhou para mim, eu estava andando atrás dele, estava um pouco consciente e retraída. Eu poderia ter sido morta por ele. Eu pensei em tentar fugir para a cidade vizinha enquanto ele dormia, mas não tinha dinheiro e eu tinha medo que ele chamasse a polícia por mim, por fugir, e talvez eles me localizassem como uma pessoa desaparecida".

Ela continuou:

"Eu senti a presença de algo que me ajudou a permanecer viva. Voei de volta com ele, fiquei calma e o mais normal que alguém podia ficar em uma situação como essa e, quando cheguei em casa, sentei-me atordoada, como um zumbi. Eu sabia que minha vida estava em perigo iminente, porque ele fez confissões veladas de que queria me matar. Com a pouca força que eu tinha, meu instinto era de correr, correr e encontrar um lugar para viver que ele não conseguia encontrar.

O agressor me drogou em minha própria casa nas quatro semanas, não sei se ele me estuprou lá durante esse período, só me lembro de dar uma volta no carro no país estrangeiro e a fuga que aconteceria comigo fugindo nos dias seguindo aquilo. Não sei por que não fui drogada no exterior; isso me leva a pensar que recebi um medicamento de classe A e ele não podia viajar com ele".

Duffy se sentiu ameaçada e teve medo de denunciar o agressor à polícia:

"Depois disso, não parecia seguro ir à polícia. Senti que, se algo desse errado, ele me mataria. Eu não queria correr o risco de ser pega novamente ou de virar notícia por conta da história. Eu realmente tinha que seguir meus instintos. Eu disse a duas policiais, durante diferentes incidentes de ameaça na última década, isso está registrado. A identidade do estuprador deve ser tratada apenas pela polícia, e isso é entre mim e eles".

A cantora foi fazer tratamentos psicológicos especializados em vítimas de violência sexual e traumas emocionais. Isso a encorajou a falar sobre o assunto, coisa que não fez sequer para seus próprios familiares. Durante um tempo, ela tinha medo até de sair de casa:

"Sem ela (a psicóloga), não teria conseguido. Eu corri o risco de suicídio naquele momento. Ela me conheceu, me viu como pessoa, aprendeu sobre mim e mergulhou em minha história. Ela fez isso com delicadeza. Eu não conseguia olhá-la nos olhos nas primeiras oito sessões. O pensamento de recuperação era quase impossível.

Eu tirava meu pijama, jogava no fogo e colocava outro conjunto. Meu cabelo ficava tão atado por não escová-lo, que acabei cortando inteiro. O número de pessoas que me escondi, nesta última década, também significava que eu estava distante de tudo. O que aconteceu não foi apenas uma traição para mim, para minha vida, uma violência que quase me matou, roubou muito de outras pessoas também. Eu não era mais a mesma pessoa. O estupro é como assassinato vivo, você está vivo, mas morto. Tudo o que posso dizer é que demorou um tempo extremamente longo, às vezes parecendo nunca terminar, para recuperar os pedaços despedaçados de mim".

Duffy afirmou que se mudou para uma nova residência, que ela definiu como a "quinta casa":

"Eu encontrei um lugar para morar, a quinta casa, não me sentia tão confinada quanto nas outras, onde eu sofria silenciosamente, em casas ou apartamentos. Nesse lugar em que passei anos solitários para encontrar a estabilidade para me recuperar, eu parei de correr e me mudar. Senti que ele não poderia me encontrar na quinta casa, me senti segura. Eu me sinto segura agora.

Agora posso deixar esta década para trás. Onde o passado pertence. Espero que não haver mais perguntas sobre 'o que aconteceu com a Duffy', agora você sabe ... e eu sou livre".

A quase tragédia ocorreu quase um ano depois da tragédia de Brittany Murphy, que, por ironia, também planejava se tornar cantora e, com as viagens da atriz estadunidense para a Grã-Bretanha - onde conheceu Simon Monjack, suspeito de tê-la assassinado por envenenamento - , provavelmente teria sido uma grande amiga de Duffy, se as duas não tivessem tido tais descaminhos. 

Se ambas tivessem tido o caminho livre e sem problemas, teriam talvez se encontrado em vários eventos musicais internacionais. Quem sabe não teria pintado até mesmo uma parceria por aí?

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