ASSIM COMO BRITTANY MURPHY, CHADWICK BOSEMAN SE DESTACAVA POR UM TALENTO PECULIAR E UM ENORME POTENCIAL, INTERROMPIDO PELA MORTE PREMATURA.
O falecimento precoce de Chadwick Boseman, vítima de câncer no cólon em 28 de agosto último, a poucos meses de completar 44 anos, é uma daquelas tragédias que causam impacto não só pela razão afetiva de perder um famoso que desperta simpatia e admiração, mas também pela lacuna que se deixa num cenário de profunda mediocridade cultural.
Chadwick, que tornou-se conhecido não só pelo personagem Pantera Negra, inspirado em HQ, como também interpretou o soulman James Brown na sua cinebiografia de 2014, era carismático, jovial na intimidade e havia até se casado com a cantora Taylor Simone Ledward, só para perceber o quanto ele queria permanecer vivo e aproveitar o máximo a vida.
Seu falecimento comoveu o mundo e tem a peculiaridade de que, num momento em que a violência policial massacra negros inocentes - entre eles os cidadãos comuns George Floyd e Breonna Taylor - , ser um ator negro de grande projeção e em plena ascensão na carreira.
Quanto à atuação, a tristeza da perda de Chadwick, por uma série de motivos, também nos faz refletir a respeito de pessoas com talento próprio e potencial que morrem de repente, sendo pessoas que acabam fazendo falta, diante de uma multidão de subcelebridades que se afirma em reality shows e cuja única frase de impacto que são capazes de dizer é "Oh Meu Deus" ("Oh My Gd" ou "Oh My Gosh").
A nossa querida Brittany Murphy, que, se estivesse viva, também teria cumprimentado Chadwick em algum evento - se ambos continuassem vivos, talvez pintasse uma atuação em algum filme - , causou um forte impacto pelo seu falecimento prematuro aos 32 anos, deixando lacunas irreparáveis que fizeram Frank Miller cancelar a personagem Shellie no filme Sin City - A Dama Fatal (Sin City - A Dame To Kill For), de 2014. E é irônico que a graphic novel que inspirou esse segundo filme já estava sendo lida por Britt.
Trata-se de uma lição para o mundo, que no seu entretenimento prefere ver personalidades medíocres mostrando curtição em atrações como De Férias Com o Ex (Ex on the Beach). Deveríamos pensar para que serve a vida e se aquilo que parece prazeroso é realmente prazeroso.
É como no Brasil, em que se teve o falecimento de nomes como João Gilberto e Moraes Moreira, enquanto segue adiante o vazio artístico de um Bell Marques, incapaz de fazer canções que deixem alguma marca nas nossas mentes e no nosso cotidiano, mais preocupado em cantar canções comerciais que só falam de beijinhos no Carnaval.
Em tempos de pandemia e de diversas distopias, o entretenimento vazio e o hedonismo desmotivado seguem em frente, mas perdem o sentido num momento em que o "novo normal" exige mudanças drásticas na humanidade, diante dos últimos quatro anos de retrocessos na ordem política, econômica, cultural e sanitária, entre outros âmbitos.
Talvez seja a hora de pensarmos melhor culturalmente e refletirmos a respeito do legado dos que foram, inclusive aqueles que morreram prematuramente sem que seu grandioso talento, como foi o caso de Chadwick, Brittany e de nomes variados nos últimos anos como Heath Ledger, Paul Walker, Cameron Boyce, Luke Perry, entre outros. É uma necessidade de abrir mão de coisas vazias, até porque elas acabarão se tornando repetitivas e tediosas, e prestarmos atenção a quem tem realmente valor nesta breve vida humana.
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